quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um ensaio sobre a insegurança

A verdade é que ninguém nunca botou fé em mim. Sem drama...ninguém mesmo. E, claro, como todas as outras pessoas que não tiveram o apoio que mereciam, eu pensei "não preciso de ninguém apreciando o que eu faço". Mas não é assim que funciona. Pelo menos, não comigo. Não é que eu precise de alguém lambendo o chão que eu piso, mas...de vez em quando é bom ouvir um "parabéns", ou "estou orgulhoso(a) de você, Priscila", ou qualquer coisa que me faça sentir bem, quando eu faço algo certo, sabe? Passei a vida inteira tentando fazer minha mãe se orgulhar de mim, e nunca consegui. Nunca ouvi um "parabéns", um "eu te amo, filha", nem um simples "obrigada". Tenho mais lembranças ruins sobre isso do que gostaria de ter. Nunca recebi elogios dela. Mas críticas...isso sim. Para ela, eu nunca fiz nada certo. Há um certo tempo eu parei de tentar. Sei que meu pai se orgulha de mim, mas ele não é bem o tipo carinhoso. Pelo menos não é mais, desde que eu cresci. Não posso exigir muito dele também, a culpa é toda minha se nos afastamos, se não somos mais quem costumávamos ser. Enfim, o ponto é que eu cresci sendo cobrada até não poder mais, o melhor de mim nunca era considerado nem "bom". Sempre sobrevivi, mas é difícil ser uma pessoa segura e confiante, sendo que não tenho base para isso. Um dia espero ser. Um dia espero ser forte, confiante e inabalável. Mas não sou agora. Você, Kleber, é a única pessoa que me apoia incondicionalmente, cuida de mim, me escuta e bota uma fé do caralho em mim. Até seis meses atrás eu nem sabia o que era isso, então, por favor me dê um desconto pela insegurança. Sempre te avisei que era um produto defeituoso.
Eu te amo muito; mais do que pensei ser possível amar alguém. Não me sinto tão especial como você me vê, e por isso tenho medo. Eu tenho um medo do caralho de que você vá embora, ou não sinta mais o que sente por mim, ou veja a bagunça que eu sou, e decida que não vale a pena perder seu tempo comigo. É tudo tão intenso, o ciúme, o tesão, o amor, a vontade de estar perto de você...e eu não sei lidar com isso tudo. Sim, eu sou fraca. Sim, eu sou insegura. Mas apesar disso, sempre sobrevivi. Com você é diferente, eu fico mais vulnerável que o normal, e eu não consigo esconder. Então, perdão pelos choros, pelas besteiras que digo ou penso as vezes...Porque apesar disso tudo, eu te amo tanto, tanto, tanto...que eu espero que compense por qualquer merda que eu venha a fazer.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Você tem um cigarro?

 
Mas sei lá, não sei se toda essa coisa patética é mesmo necessária. Tô resolvendo umas coisas aqui viu, esses negócios de sentimentos demonstrados demais meio que estraga. Tô aqui aprendendo que nem todos dão valor ao que você pode oferecer, e acabar demonstrando afeto demais começa a encher o saco, e eu digo tudo isso da minha parte. Chega de ligações, preocupações, sentimentos demonstrados aos extremos. Vou ficar mais relax mesmo, não quer me ligar, não liga, mas também não ligarei. Não quer me ver, não me veja, mas também não sairei que nem doido atrás de você […] É apenas um aviso que eu deixo bem simples: se quiser, me procura você. E outro aviso que eu deixo também: isso tudo é só conversa mesmo, teoricamente falando, tá tudo certo. É quando chega na hora da prática que ferra com tudo.

Caio F. Abreu 

Nunca fui como todos...


Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

Florbela Espanca
 
 

domingo, 4 de dezembro de 2011

QUEM QUER QUE SEJA VOCÊ A SEGURAR AGORA A MINHA MÃO


"Quem quer que seja você a segurar agora a minha mão,
sem uma coisa tudo será inútil,
dou-lhe um honesto aviso antes que você me tente mais,
não sou o que você supôs, mas muito diferente.
Quem é aquele que deseja se tornar meu seguidor?
Quem se apresentaria como candidato às minhas afeições?
O caminho é suspeito, o resultado incerto, talvez destrutivo,
você teria de desistir de tudo o mais, eu sozinho haveria de ser seu estandarte único e exclusivo,
seu noviciado seria pois longo e exaustivo,
toda a teoria passada da sua vida e toda a conformidade com as vidas ao seu redor teriam de ser abandonadas,
assim me deixe agora antes que se complique mais, tire a mão dos meus ombros,
me largue e siga o seu próprio caminho.
Ou então furtivamente em alguma floresta, para tentar apenas,
ou atrás de uma rocha ao ar livre
(pois em nenhum quarto coberto de nenhuma casa eu emerjo, nem em companhia,
e nas bibliotecas permaneço como quem é mudo, ou parvo, ou não nascido, ou morto),
mas muito possivelmente com você numa colina alta, primeiro vigiando por milhas em volta para que ninguém se aproxime sem avisar,
ou possivelmente com você a velejar no mar, ou numa praia do mar ou numa ilha sossegada,
aqui eu permito que você coloque seus lábios sobre os meus,
com o beijo prolongado do camarada ou o beijo do recém-casado,
pois sou o recém-casado e sou o camarada.
Ou, se você quiser, metendo-me entre suas roupas,
onde poderei sentir os soluços do seu coração ou repousar sobre o seu quadril,
carregue-me quando for através das terras e dos mares;
pois apenas tocar você assim é o bastante, é o melhor,
e tocando você assim eu adormeceria em silêncio e seria carregado eternamente.
Mas examinando estas folhas você se arrisca,
pois a estas folhas e a mim você não entenderá,
elas o eludirão no princípio e mais ainda depois, eu certamente o eludirei,
mesmo quando você pensar que me apanhou de modo inquestionável, cuidado!,
você logo verá que lhe escapei.
Pois não é pelo que coloquei neste livro que o escrevi,
nem é pela leitura dele que você o ganhará,
nem são esses que me admiram e me elogiam com jactância aqueles que me conhecem melhor,
nem são os candidatos ao meu amor (a não ser no máximo alguns poucos) os que sairão vitoriosos,
nem meus poemas farão apenas bem, eles também farão mal, talvez até mais,
pois tudo é inútil sem aquilo que você poderá suspeitar em muitas ocasiões sem compreender, aquilo que sugeri;
assim me deixe e siga o seu próprio caminho."

Walt Whitman

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Do Inquieto Oceano da Multidão



Do inquieto oceano da multidão
veio a mim uma gota gentilmente
suspirando:

— Eu te amo, há longo tempo
fiz uma extensa caminhada apenas
para te olhar, tocar-te,
pois não podia morrer
sem te olhar uma vez antes,
com o meu temor de perder-te depois.

— Agora nos encontramos e olhamos,
estamos salvos,
retorna em paz ao oceano, meu amor,
também sou parte do oceano, meu amor,
não estamos assim tão separados,
olha a imensa curvatura,
a coesão de tudo tão perfeito!
Quanto a mim e a ti,
separa-nos o mar irresistível
levando-nos algum tempo afastados,
embora não possa afastar-nos sempre:
não fiques impaciente — um breve espaço
e fica certa de que eu saúdo o ar,
a terra e o oceano,
todos os dias ao pôr-do-sol
por tua amada causa, meu amor.
Walt Whitman

terça-feira, 8 de novembro de 2011


"Sou dessa leva de gente que tem como sina ver demais. Sentir demais.
Alguns sentem vida, sentem beleza, sentem amor, com doses de
conta-gotas.
Eu, não: é uma chuvarada dentro de mim."


Ana Jácomo


sábado, 5 de novembro de 2011

Trilha de migalhas de pão


Você se afasta de mim, precisa ir. Eu então caminho - meio que me arrastando, pensando se te imploro humilhantemente pra ficar ou te deixo ir sem criar caso, como uma boa garota - na direção contrária à que você foi. Mas não esqueço de deixar a minha trilha de migalhas de pão, caso você resolva seguir. Caso você sinta a minha falta e não tenha como me encontrar. Caso você perceba que não existe sem mim, e que não sabe fazer seus curativos sozinho. Caso você lembre de que ninguém passa xampu no seu cabelo como eu, ou olha você dormir com tanto amor estampado no rosto. Caso você realize que nunca, ninguém pensou tanto em você ou te desejou com tanta intensidade. Caso você ache que a cama está muito espaçosa sem mim. Caso você precise de alguém pra te ouvir, te fazer um cafuné ou enxugar suas lágrimas enquanto você confessa suas mágoas, seus erros (que só eu posso saber). Caso você sinta a mesma saudade sufocante que eu estou sentindo agora...Caso você resolva me dizer que nunca mais vai se despedir do meu abraço.

Priscila Moraes


Caio Fernando Abreu me entende.


"Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse por um instante a pessoa mais feliz do mundo, mas que só você, de algum modo, fosse capaz de ativar. Eu sei, é lindo. Mas logo em… seguida, quando penso em quão longe você está sinto-me despedaçar por inteira. Sabe a sensação de arrancar um doce de uma criança? Pois é, sou essa criança. E dói. Uma dor cujo único remédio é a sua presença. Então sigo assim, penso em você, sorrio, sofro e rezo, peço pra Deus cuidar da gente, amenizar essa dor e trazer logo a minha cura."

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Como assim, Gisele?

Olá, meus caríssimos leitores fantasmas! Minha indignação está de volta.

Esse final de semana eu vi uma propaganda que me deixou muito puta, e preocupada ao mesmo tempo.

Era uma propaganda da loja de lingerie "Hope", estrelando Gisele Bundchën.



[Quem advinhar o que ela fez numa propaganda de lingerie ganha o prêmio de 1 milhão de reais (ha-hai!). É, ela mostrou o corpo. Nossa, essa foi difícil. Suei! :)]

Nessa tal propaganda, a modelo dava uma má-notícia para seu marido, ou namorado, de duas formas: A errada, e a certa. (Segundo a Hope!)

A errada, era vestida. E a certa - qual será a certa? - era ela semi-nua. A mensagem da propaganda era muito clara, na minha visão. "Diga qualquer merda para o seu namorado ou marido que ele nem vai ligar pro que você está falando, pois está olhando para os seus peitos."

Reforçando MAIS AINDA a visão de que as mulheres não servem para ser ouvidas, e sim vistas. Reforçando aquela visão de que somos objetos sexuais sem opinião e sem voz. Reforçando aquela opinião de que somos gastadoras, más-motoristas...Num país que não é nenhum cúmulo do feminismo, essa propaganda não faz nenhum bem, né?

A Ministra Iriny Lopes, muito sabiamente, enviou um ofício para a Hope e para o CONAR, pedindo que a propaganda fosse suspensa. A intenção foi boa, mas em vão. O estrago já está feito. Já vem sendo assim há milênios. É uma pena, porque não importa quantas propagandas sejam tiradas do ar, a mente retrógrada das pessoas não vão mudar. Comercial a favor das mulheres ninguém faz, né?

Aí alguém virou pra mim e me disse que não viu nada demais nessa propaganda. Eu apenas respondi, "é porque você é homem."

Então, homens, se vocês querem uma mulher para ser vista, e não ouvida; uma mulher que te dê prazer sem "encher seu saco, bater seu carro, ou estourar seu cartão"...já pensaram em comprar uma boneca inflável? ;)



Ninguém Pode Nos Controlar

Então porque eu não deveria ter uma opinião
Eu deveria ficar calada só porque sou uma mulher
Me chama de vagabunda porque eu falo o que penso
Acho que é mais fácil para você suportar se eu sento e sorrio

Quando uma mulher atira de volta
De repente o grande falador não sabe como agir
Então ele faz o que qualquer garotinho faria
Inventando um ou dois falsos boatos

Isto com certeza não é um homem pra mim
Difamando nomes por popularidade
É triste que você só consiga fama através de polêmicas
Mas agora é a minha vez de vir e dar-lhe algo mais a dizer

Isto é pras minhas garotas no mundo inteiro
Que se depararam com um homem que não respeita o seu valor
Pensando que todas as mulheres são para serem vistas, não ouvidas
Então o que fazemos garotas?
Gritamos bem alto!
Deixando-os saber que nós vamos manter a nossa área
Levantem sua mãos alto e acenem com orgulho
Respire fundo e diga bem alto
Nunca puderam, nunca irão, não podem nos controlar

Ninguém pode nos controlar
Ninguém pode nos controlar
Ninguém pode nos controlar
Nunca puderam, nunca irão

Então porque eu não deveria dizer o que estou dizendo
Você está ofendido com a mensagem que estou trazendo
Chame-me de qualquer coisa porque suas palavras não querem dizer nada
Acho que você nem é homem suficiente para aguentar o que eu canto

Se você olhar pra trás, na história
É um padrão duplo comum da sociedade
O homem ganha toda a glória quanto mais ele puder faturar
Enquanto a mulher que faz o mesmo é chamada de prostituta

Eu não entendo como isto seja certo
O garoto pode sair tranqüilamente, e a garota fica com a fama
Todas as minhas companheiras venham juntas e façam uma mudança
Façam um novo começo para nós - todas cantem

Isso é pra todas as minhas garotas ao redor do mundo
Que se depararam com um homem que não respeita o seu valor
Pensando que todas as mulheres são para serem vistas, não ouvidas
Então o que fazemos garotas?
Gritamos bem alto!
Deixando-os saber que nós vamos manter a nossa área
Levantem sua mãos alto e acenem com orgulho
Respire fundo e diga bem alto
Nunca puderam, nunca irão, não podem nos controlar

Lil' Kim:
Veja só, tem algo que eu não consigo entender
Se um cara tem três garotas ele é um garanhão
Ele pode enganá-las e usá-las como quiser
Se uma garota faz o mesmo então ela é uma vadia
Mas a mesa vai virar
Eu aposto minha reputação nisso
Gatos roubam minhas idéias e e usam seus nomes
Já chega, vocês não podem me controlar
Eu tenho que continuar em frente
Para todas minhas garotas que homens mandam
Faça direito e devolva a ele na mesma moeda
Você precisa devolver o seu joguinho
E Lil' Kim e Christina Aguilera põe você no comando!

Mas você é só como um menino pequeno
Acham você fofo, tão tímido
Você só fala que é grande
Mas você só faz coisas pequenas
Você é só como um menino pequeno
Tudo que você faz pertuba
Você fala que é grande
Mas você só faz coisas pequenas

Isso é para as minhas garotas
Isso é para minhas garotas ao redor do mundo
Que têm através de ser homem o respeito
Pensa que todas as mulheres gostam de você, errado
Então o que fazemos, meninas?
Gritamos alto!
Deixando saber que nós vamos manter a nossa área
Levantem sua mãos alto e acenem em orgulho
Respire fundo e diga bem alto
Nunca puderão, nunca irão, nunca vão nos controlar

Isso é para as minhas meninas ao redor do mundo
Que se depararam com um homem que não respeita
Pensa que todas as mulheres gostam de você, errado
Então o que fazemos garotas?
Gritamos bem alto!
Deixando saber que nós vamos manter a nossa área
Levantem sua mãos alto e acenem em orgulho
Respire fundo e diga bem alto
Nunca puderão, nunca irão, nunca vão nos controlar!
Estender o mundo, nunca vão nos controlar!

Vem


Vem.

Vem me tirar os pés do chão. Vem me fazer morar nas nuvens. Vê como são pequeninas as pessoas, vistas daqui de cima?

Vem me salvar da chuva. Vem me tirar o ar. Me arrepiar.

Vem me fazer sentir aquele frio na barriga gostoso. Vem me fazer sorrir, vem me fazer feliz.

Vem me fazer sonhar, porque tenho pesadelos quando não estamos juntos.

Vem me fazer mergulhar no desconhecido, segura a minha mão.

Vem me apertar, me pede pra ficar contigo.

Vem, passa o braço pela minha cintura, para assim eu dormir em paz.

Vem. Porque quando você vem, tudo é bom, tudo é seguro, tudo é completo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E mais uma vez, eu lembro de você...



A TERRÍVEL DÚVIDA DAS APARÊNCIAS:

Da terrível dúvida das aparências,
da incerteza afinal de que possamos estar iludidos,
de que talvez a confiança e a esperança não sejam afinal senão especulações,
de que talvez a identidade para além do túmulo seja apenas uma linda fábula,
de que talvez as coisas que observo, os animais, plantas, homens, colinas, águas brilhantes a fluir,
o céu do dia e da noite, cores, densidades, formas, talvez tudo seja (como sem dúvida é) apenas aparições, e a coisa real ainda esteja por conhecer
(quão frequentemente se desligam de si mesmas como se para me confundir e zombar de mim!
quão frequentemente penso que não sei nem homem nenhum sabe nada a respeito delas),
talvez me parecendo aquilo que são (como sem dúvida parecem) no meu presente ponto de vista e podendo revelar-se depois (como naturalmente poderiam) como não sendo nada daquilo que parecem, ou nada enfim, a partir de pontos de vista totalmente diferentes;
para mim essas e outras questões semelhantes são de algum modo respondidas pelos meus amantes, meus queridos amigos,
quando aquele que eu amo viaja comigo ou se senta segurando longamente minha mão,
quando o ar sutil, o impalpável, o sentido que as palavras e a razão não detêm, nos cercam e nos perpassam,
então me sinto invadir por uma sabedoria indizível, inaudita, e fico em silêncio, e não me falta mais nada,
não posso resolver a questão das aparências ou a da identidade para além do túmulo,
mas caminho ou me sento, indiferente, e estou satisfeito;
ele, a segurar minha mão, me satisfez completamente.

Walt Whitman


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Eu adoro o jeito como você fuma


Eu adoro o jeito como você fuma. Desde aquele dia, em que eu me auto-convidei a ir estudar na sua casa. Lembro que você disse "vou fumar um cigarrinho", e eu disse "eu vou com você". Então, eu sentei pela primeira vez no meu "trono" e te encarei, enquanto você colocava despreocupadamente o cigarro na boca sem a mínima noção de que era tão avidamente observado por mim. Lembro que fiquei fascinada. A maneira como o cigarro pendia da sua boca, como você apertava os olhos quando tragava, e depois soltava a fumaça lentamente...era tão sexy que eu não conseguia tirar os olhos de você.

Dor

Eu costumava pensar que era expert no quesito "dor". Pelo menos, até ver você com outra pessoa. Nunca tinha sentido uma dor tão intensa, tão desnorteante. O ar faltou, senti meu coração bater rápido demais, desesperado,  contra o peito. Minhas mãos ficaram geladas, a cor fugiu do meu rosto, a garganta trancou, senti um aperto no estômago. Queria eu que fosse apenas mais um dos meus dramas...mas só eu sei o que senti. E nunca mais quero sentir aquilo.



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Só uma coisinha que me fez lembrar de você...


Carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração
Nunca estou sem ele
Onde eu for, você vai, minha querida
Não temo o destino
Você é meu destino, meu doce
Não quero o mundo pois, beleza
Você é meu mundo, minha verdade
Eis o segredo que ninguem sabe
Aqui está a raiz da raiz
O broto do broto
E o céu do céu
De uma arvore chamada vida
Que cresce mais do que a alma pode esperar
Ou a mente pode esconder
E esse é o prodígio
Que mantem as estrelas à distância
Carrego seu coraçao comigo
Eu o carrego no meu coraçao.

E.E. Cummings

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Aquela foto...


Tenho tentado já há algum tempo - sem nem sombra de sucesso - esquecer aquela foto. Fingir que vê-la não me machucou, tentar ser madura sobre isso. Mas eu já tenho tanta coisa sufocada dentro de mim, antiga, recente...Não aguento mais guardar essa mágoa. Eu vi aquela foto. Não te culpo de nada, não estou com raiva de você. Só tenho raiva de ter nascido em 1992. Hoje, eu sei que nasci para ser sua. Mas por que você não me esperou? Eu sei, eu sei. É irracional querer isso...Mas o amor não é reconhecido pelo seu grande poder de raciocínio. Conheço seu passado e entendo (na medida do possível). Mas ver aquela foto foi como um soco no estômago, quando eu estava menos preparada. Queria ter feito parte do seu passado, queria que você fosse só meu por toda a sua vida.


 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Eu queria poder te dizer...


Eu queria poder te dizer tanta coisa que está presa em mim. Mas é como se as palavras estivessem bloqueadas em minha garganta, me arranhando por dentro, querendo sair. E aí alguma coisa acontece...eu travo, sei lá porquê.

Eu queria poder te dizer o quanto te amo, mas qualquer palavra me parece insuficiente, pobre, que não reflete a realidade. Queria poder botar num papel a intensidade, o desespero, a fome – eterna, insaciável - que eu sinto de você.

Eu queria poder te dizer que um dia que não te vejo, é um dia perdido, um dia sem sentido. Porque você é meu sentido, meu chão, minha lógica, meu sorriso, meu carinho...minha vida.

Eu queria poder te fazer sentir tão amado e tão querido quando você me faz sentir. Queria poder descrever pra você o quanto você me faz feliz. Desejo tanto te mostrar que nunca, ninguém, me quis tão bem, me fez tão bem, me amou tão bem. Queria te dizer, meu amor, que sinto saudades suas no exato momento em que me despeço. Aquela saudade que dói, que mareja os olhos e aperta o peito...tira o sono.

Queria te dizer que o ciúme que eu sinto de você, me tira o ar. Fico louca, atiro minha sanidade pela janela, me encho de ira. Porque você é meu, só meu. A justificativa de meu ciúme é justamente o que eu queria tanto poder te dizer.

Queria te dizer que eu também escalaria a montanha mais alta por você. Que eu vou estar lá por você quando você precisar de mim, e quando não precisar também. Que eu tenho tanto, mas tanto orgulho de você, meu amor. 

Queria te dizer que vou te seguir aonde quer que você vá. Me leva contigo?

Queria te dizer que quando penso no meu futuro, só vejo nós dois. Bom, na verdade...Não só nós dois. Eu, você, os meninos, e Qwerty roendo nosso sofá. Meu futuro é com você. Em alegria ou tristeza, meu lugar é com você.

Casa comigo? Fica comigo pra sempre? Me abraça apertado? Aperta minha mão e não solta nunca? Você pode sentir o quanto eu queria poder te dizer?

Fico frustrada por não conseguir me expressar corretamente, satisfatoriamente...Porque eu quero que você se sinta tão importante e especial quanto você é pra mim.

Eu queria tanto poder te dizer, eu queria tanto que você soubesse...



domingo, 25 de setembro de 2011

Eu e meus amigos imaginários

Às vezes eu finjo que meus poetas preferidos são meus amigos mais íntimos. Gosto de imaginar que Clarice Lispector entende minhas reações estranhas, minha visão de mundo, minhas conclusões – quase sempre – precipitadas sobre essa vida. Que Caio Fernando Abreu está sempre me aconselhando:  “se joga, menina!”.  Que Florbela Espanca entende minha eterna e irremediável solidão. Que Augusto dos Anjos compreende minha falta de fé na humanidade. Que Álvares de Azevedo sabe por que fico fascinada diante de um jardim florido, porque valorizo tanto a beleza das pequenas coisas, aquilo que quase ninguém vê. Que William Shakespeare sempre me diz para aceitar de bom grado o conselho dos outros, mas nunca desistir da minha própria opinião. Que Jane Austen admira minha determinação, meu sarcasmo, meu orgulho, e minha fome por conhecimento. Que Vinicius de Moraes, sempre que estou assim meio borocoxô, sorri e canta para mim que “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe.” E que Stephenie Meyer está sempre me incentivando a escrever, haja o que houver.  Assim, nunca me falta boa companhia, um ombro amigo, ou bons conselhos.

sábado, 24 de setembro de 2011

Eu, você e uma garrafa de Jose Cuervo Black


Na cama, espalmo a mão cheia de anéis no seu peito, desço e subo devagar. Você fecha os olhos, sente o toque.  Encosto minha boca e meu nariz em seu pescoço, expiro forte. Sopro ao seu ouvido palavras de um passado que não vivemos.  Juntos, sonhamos enquanto ouvimos música.  Nós dois temos que acordar cedo no dia seguinte, mas isso não importa. Temos um ao outro, e a garrafa de Jose Cuervo Black. De quê mais precisamos além disso, e de nossos sonhos? Chego perto, mais perto, e te beijo. Ou é você quem me beija, não sei ao certo. Afinal, a tequila embaralha minhas memórias. Só sei que a conseqüência daquele beijo só podia ser uma, se tratando de nós dois (e da garrafa de Jose Cuervo Black).  Madrugada adentro, ficamos livres. “Livres de roupas, livres de tudo, livres.”  Como gostamos. E depois disso, agarradinhos, apagamos, exaustos. Como duas estátuas de mármore na cama, dormindo de conchinha. Boa noite, meu amor. Sonhar – sem pressa - com você faz falta.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Quem sou eu


Citações de Clarice Lispector, poemas de Augusto dos Anjos, frases de Caio Fernando Abreu, morango com chocolate, livros...livros à mão cheia!, música, all star, locus horrendus, girassóis,um leve toque feminista, radicalismo, pavor de lagartixas, cookies de chocolate, Tim Burton, mau-humor matinal, Carpe Diem, jeans, criatividade, barulho de mar, o crepúsculo, a lua nova, o eclipse e o amanhecer, conhecimento culinário nulo, ciúme até da sombra, Bob Esponja, Kiss My Ass, Sushi, liberdade, maçã, mania de escrever,espirro engraçado, uma carência orgulhosa, paixão por fotografia,cara de fuinha, cair mesmo estando parada, cinema, muay thai, frases em latim,medo de escuro, tartarugas, sorvete de chocolate com batata frita, manteiga derretida, teimosia, narcisismo disfarçado, fixação por cavalos, e anéis em quase todos os dedos...E tudo isso que sei sobre mim, ainda não me ensinou quem sou eu.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Não gosto dessa pressa, de estar sempre alerta e nunca relaxada. De estar sempre à espera de algum acontecimento iminente. É como se enquanto eu tento te abraçar, o mundo lá fora batesse no seu ombro e você me dissesse com cara de quem se desculpa: "Tenho que ir". Durante o tempo em que estamos juntos eu esqueci que existe mundo, admito. Para mim, só existe eu e você. A nossa bolha. Tenho que me conscientizar de que você não pode ser o centro do meu universo, que há mais que isso na vida. Que você precisa mesmo ir. Mas por mais que eu saiba que estou errada em me sentir abandonada...essas três palavras ainda me cortam o coração.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

O tempo é meu inimigo


Não gosto dessa versão de nós, essa rotina corrida. Não gosto de ter que te amar com pressa, porque você tem uma reunião. Prefiro muito mais te amar devagarinho, sem olhar o relógio, sem saber que horas são. Ver o dia amanhecer deitada no seu peito, conversando besteira e sonhando um futuro pra nós dois. É claro que prefiro te ver rapidinho a não ver, mas no momento em que saio do carro – como diria Caio Fernando Abreu – já “me dá uma saudade irracional de você”.


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mãos grandes



Você tem mãos grandes, de homem. Gosto delas. Gosto de como você gesticula com elas  - o tempo todo - quando fala, gosto de como elas passeiam pelo meu corpo, e gosto quando elas seguram meu rosto com tanto carinho e tanta gentileza que quase não sinto o toque. Gosto do seu maxilar, de homem. Gosto do seu queixo, e sua boca. E gosto da sua barba me arranhando. Seus cílios longos, seu sorriso. E seus olhos, que não são de homem. São de menino. Eu vejo neles um desamparo tão grande que me dá vontade de te apertar e nunca te largar. Gosto das suas costas largas, de passear minhas mãos por elas e assistir a reação que isso vai desencadear depois. Pensar nas coisas que eu gosto em você me fazem ter uma certeza: Eu gosto de tudo em você. Não só do corpo, do físico. Como você mesmo me disse uma vez, gosto do “conjunto”. Gosto que você se preocupe comigo, e que cuide de mim. Gosto que minhas conquistas te deixem feliz, e que minha tristeza te deixe triste também. Gosto que você seja pai-coruja. Gosto da sua garra, admiro sua vontade de se superar. Gosto tanto quando ouvimos música juntos. Gosto quando você dirige segurando minha mão. Gosto de saber que você me entende, e que posso contar com você em qualquer situação. Gosto secretamente do seu ciúme, porque isso me mostra que você quer que eu seja só sua, e eu sou. Eu sou sua, amor.

Dormir


A hora de dormir nunca foi muito boa para mim. Costumava ser a hora em que todos os meus fantasmas – que eu tinha conseguido esquecer com sucesso durante o dia - vinham me assombrar. Então eu fugia. Ficava acordada até tarde, até não agüentar mais, até os olhos ficarem tão pesados que eu não agüentasse mais abri-los, e aí dormia sem chance de pensar. Mas aí você apareceu, e bagunçou meu mundo todo. Como outras várias coisas que você mudou em mim; você me tirou o medo de dormir. Dormir passou a ser a hora em que ficamos grudados, tão juntos que dá pra sentir a sua respiração quentinha no meu rosto, ou pescoço. A hora em que nos olhamos e não precisamos dizer nada, porque aquele olhar já quer dizer “eu te amo tanto...”. A hora em que eu te faço cafuné, e te ouço roncar feliz nos minutos seguintes. Ainda luto com o sono, mas não por medo de pensar, e sim por querer ficar mais tempo com você. Dormir se tornou a hora em que eu me viro e você passa seu braço pela minha cintura. E aí eu sorrio, e fecho os olhos finalmente...Só para abri-los no dia seguinte, dar de cara com você me encarando e sussurrar “bom-dia, amor.”