terça-feira, 2 de outubro de 2012

Terrorismo afetivo

Tenho alergia a esse terrorismo afetivo, esse carinho que funciona como granada querendo me transformar em escombros. Esses homens-bomba querendo me explodir junto. Chega também de ter que optar entre um cara que joga todo o peso da existência complexa e perturbada dele sobre mim e outro que tá do meu lado, mas nem me toca. Declaro, oficialmente que de peso, basta o meu e gelo, só com refrigerante ou vodka. 

Não sou terapeuta, psicóloga, muito menos mãe de ninguém. Que fique muito claro. Eu posso entender, mas não abro mão de ser entendida. Não mais. Tá precisando de colo, te dou. E carinho, atenção, conselho, o que for preciso. Mas sugar minha vida com seus problemas, sua carência e traumas, não vai rolar, porque eu também tenho os meus e não são poucos. Também preciso de colo e segurança, portanto um cara que vive na corda bamba, que mora em cima do muro, nunca vai ser chão pra eu me apoiar, todas essas vezes que some o meu. Estar comigo não quer dizer que você é meu dono, vamos frisar essa parte também. Terei uma vida apesar de você, minhas coisas pessoais e meu tempo sozinha. Então não se espalha em tudo que é meu e me asfixia, nem se espreme num cantinho e deixa minha vida toda pra mim assim, que eu me acostumo e você não fica em pé nunca mais. 

Vou resumir e ser objetiva, porque não sou adepta à enrolação: Chega de gente rompida, corrompida, pela metade. Gente vazia me sugando, gente em ebulição me afogando. Nenhum esforço que eu faça pra permanecer por mais um dia, vai mudar alguma coisa, porque o problema, de verdade, não é comigo. Não sou permanente, porque quase ninguém terra firme. Entre um 8 e um 80, eu opto por mim! E o carinha desapegado na sexta, quando eu estiver meio louca. O romântico no domingo, quando eu só quiser ir no cinema. O tipo amigo na quinta, quando eu precisar conversar. Faço a linha marinheira, sem hesitar. Porque eu gosto de tudo completo e se você só tiver uma parte, reforço, nunca vai me fazer ficar.

Priscila Moraes

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Alice e o amor...


Ela está sozinha. De novo. Mais uma ilusão. Ela então se enfurece. Pergunta-se se são todos iguais. E se doerá o mesmo tanto todas as vezes que se apaixonar. Porque, verdade seja dita, é assim que ela é. Se entrega, se encanta. Então o pior não foi pensar que nunca mais conseguiria se apaixonar; foi saber que se apaixonaria novamente, mais dia menos dia. E que ficaria sozinha. De novo. E que sim, doeria o mesmo tanto que doeu da outra vez.
  
A vida seguiu seu curso. Ela se ocupou: conheceu gente nova, assistiu a filmes de todos os tipos, leu livros novos, ouviu antigas músicas...Sacudiu a poeira, e tentava dar a volta por cima. Muitas perguntas ainda a assombravam, mas não doía tanto acordar de manhã.

 Mas uma pendência má resolvida de um passado recente reacendeu alguma coisa dentro daquele coração machucado, esfolado. A possibilidade de se machucar novamente instigou seu instinto de sobrevivência, e ela se retraiu. Construiu uma barreira entre ela, e um pobre cavalheiro que tentava escalar aquele muro.

 Mas Alice sempre será Alice, e ela não pôde se conter ao ver o coelho branco descer buraco abaixo. Baixou sua guarda, deu à cara a tapa novamente. E se entregou, se encantou. Ele parecia diferente, mas todos eles parecem diferentes no início. Havia algo em como ele olhava para ela. Como se ela fosse maravilhosa, a mulher mais bonita que ele já vira. Havia desejo também, tanto desejo naqueles olhos de menino. Tanto que ela corava ao encará-los. E, ah! Ele era tão carinhoso, tão preocupado com a vida dela. Ela estava convicta de que finalmente o cupido tinha acertado.

O tempo passou, e ela foi percebendo quem realmente era o coelho branco. E ele não era tão príncipe encantado assim, ela concluiu. Era egoísta. O carinho foi sumindo lentamente, até restar apenas algumas migalhas que ela humilhantemente aceitava, porque a essa altura não sabia mais viver sem ele. Ela poderia, é claro. Ela sempre poderia se reinventar. Mas uma vida sem ele era pior do que qualquer coisa, até que uma vida sem carinho. O sexo sumiu também, e Alice não sabia o que tinha feito de errado, além de amar aquele coelho como nunca amara alguém antes. “O que eu fiz de errado, além de amá-lo mais do que devia?”, perguntava-se constantemente.

Alice continua curiosa, continua magoada, continua sem respostas. A única certeza que Alice tem, é que gostaria de que o tempo voltasse. Gostaria de que a ilusão se tornasse verdade. Seria tão bom, não seria? Alguém carinhoso, preocupado. Por quê, em vez disso, ela tinha que ganhar ingratidão e egoísmo?

O amor consome, machuca. Nem sempre reconhecem seu esforço. Mar amar a si mesmo traz inúmeros benefícios, e nenhuma mágoa. Alice ainda tem muito o que aprender, mas da próxima vez que ver um coelho branco passar, vai preferir colher margaridas e com elas fazer um belo colar. 

- Priscila Moraes


segunda-feira, 19 de março de 2012

O seu amor - saudável ou não - é tudo o que tenho

"Mas que me importa a mim que me não queiras, 
Se esta pena, esta dor, estas canseiras, 
Este mísero pungir, árduo e profundo, 

Do teu frio desamor, dos teus desdéns, 
É, na vida, o mais alto dos meus bens? 
É tudo quanto eu tenho neste mundo?" 

- Florbela Espanca 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Justo - Injusto

Depois de pensar por dias e noites na mesma situação, cheguei a uma conclusão. Não sozinha, mas com a ajuda de duas pessoas. Uma boa amiga, e uma colega de faculdade. Quando contei o problema que tem me machucado muito à Nanda, ela me fez aceitar a verdade. Quando conversei com uma colega de faculdade que nem sei o nome, sobre a vida, ela me deu uma resposta que solucionou, por fim, o problema.

Colega de faculdade que nem sei o nome: E aí, como vai a vida?
Eu: Hm...a vida é complicada.
Colega de faculdade que nem sei o nome:  Por que complicada?
Eu: Não sei...ter que conviver com as pessoas é muito complicado. Principalmente quando você ama. Se vocês discordam, um dos dois têm que ceder, e as vezes isso machuca. É injusto. Eu não sei o que fazer...
Colega de faculdade que nem sei o nome: Aí você ama. Só isso.

A resposta dela me fez enxergar que relacionamentos não são sobre justiça, ou injustiça. Se você ama a pessoa e quer estar perto dela, e ela se recusa a ceder...você ama. Só isso.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Caio lê minha mente...


"Eu daria tudo pra vê-lo sorrir mais uma vez pra mim, mas quando estou com ele fico tão pequena, entrego-lhe o que ainda me resta, ele vai embora e eu fico aqui, me sentindo incompleta, me sentindo um nada, sobrevivendo apenas de migalhas da minha memória…" 
— Caio Fernando Abreu

"Porque é um pouco assim que a gente vai ficando, pura expectativa há anos não satisfeita. De repente, você começa a ponderar se não será assim mesmo o jeito das coisas, o jeito “certo” delas, por mais que pareça errado. Melancólico? Não sei bem. Talvez seja o jeito das coisas, só isso." 
— Caio Fernando Abreu


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Eureka!


Talvez o amor seja isso mesmo, e eu aqui achando que tô ficando doida. Talvez seja essa angústia, ué. Por que, não? A gente tem essa mania de achar que alguém vai chegar e de repente descomplicar nossa vida, e aí vamos enxergar tudo com clareza e ter todas as respostas e que tudo vai ser mais colorido do que a parada gay...Mas não. Em vez disso é confuso, traz mais dúvida que respostas...e estou começando a entender que a beleza está aí. A pessoa que você ama não está na sua vida pra tornar tudo mais fácil, e sim tornar tudo mais bonito. A pessoa que você ama é sua companheira de barca furada. E não tem obrigação nenhuma de te fazer feliz. A gente quando ama acha que a nossa felicidade depende do outro...e não é assim que a banda toca. A nossa felicidade depende da gente. Você pode amar a pessoa tanto, tanto, que machuca. Pode pensar nela o dia inteiro. Pode sentir saudade mesmo tendo a visto há 5 minutos atrás. Mas tem que aceitar que para ela, pode não ser assim. Tem que abrir mão de achar que ela vai se sentir do mesmo jeito que você, porque é isso que magoa. A decepção porque a pessoa não atingiu suas expectativas. Não importa se foram as atitudes da pessoa que te levou a esperar demais dela. Não importa se ela lhe disse palavras lindas, se te olhou como se você fosse a mulher mais maravilhosa do mundo...Ponha os pés no chão, para o seu próprio bem.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sua vez. Minha vez. Sua vez. Minha vez.

Sei que você acha que temos "fases", mas pra mim aquela nossa coisa de ouvir música, uma de cada, é mais que isso. Se essa fase já passou pra você, ainda não passou pra mim. Sinto falta. Lembro de quando a gente deitava na cama, e ouvia música, só se curtindo. Lembra de como a gente se beijou em São Paulo, ouvindo "confortably numb"? Era tudo tão lindo, tão intenso. Lembra de como começou? A primeira vez que fizemos isso foi quando eu fui estudar na sua casa. Ouvimos "enjoy the silence", a versão de Lacuna Coil. E daí pra frente, fomos ouvindo cada vez mais músicas. Em determinado momento você deitou no meu colo pela primeira vez, e eu te fiz cafuné. Eu sei que tudo sempre muda, e não podemos fazer nada a respeito...Mas eu realmente sinto falta, e fico me perguntando...se era tão bom, por que tem que mudar?