Às vezes eu finjo que meus poetas preferidos são meus amigos mais íntimos. Gosto de imaginar que Clarice Lispector entende minhas reações estranhas, minha visão de mundo, minhas conclusões – quase sempre – precipitadas sobre essa vida. Que Caio Fernando Abreu está sempre me aconselhando: “se joga, menina!”. Que Florbela Espanca entende minha eterna e irremediável solidão. Que Augusto dos Anjos compreende minha falta de fé na humanidade. Que Álvares de Azevedo sabe por que fico fascinada diante de um jardim florido, porque valorizo tanto a beleza das pequenas coisas, aquilo que quase ninguém vê. Que William Shakespeare sempre me diz para aceitar de bom grado o conselho dos outros, mas nunca desistir da minha própria opinião. Que Jane Austen admira minha determinação, meu sarcasmo, meu orgulho, e minha fome por conhecimento. Que Vinicius de Moraes, sempre que estou assim meio borocoxô, sorri e canta para mim que “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe.” E que Stephenie Meyer está sempre me incentivando a escrever, haja o que houver. Assim, nunca me falta boa companhia, um ombro amigo, ou bons conselhos.
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